Filhos do Povo Denunciam: Abandono e Ataques aos Povos Indígenas em Itaipava do Grajaú
- coletivoestudantil
- há 4 dias
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No último dia 11 de agosto, o Coletivo Estudantil Filhos do Povo esteve presente na audiência pública realizada na aldeia Toco Preto, em Itaipava do Grajaú, Maranhão, onde lideranças indígenas dos povos Krepym, Kanela, Guajajara e Krenyê denunciaram a situação alarmante de abandono e precariedade que assola suas comunidades.
Não se trata de descuido, ineficiência ou “falta de recursos”, como repetem os porta-vozes do "poder público": trata-se de uma ação planejada e contínua do Velho Estado, estruturado para servir ao latifúndio e, em última instância, ao imperialismo. É um mecanismo que, sob a máscara de omissão, opera para negar saúde, educação, infraestrutura e, sobretudo, o direito à terra e ao território. O objetivo é claro: enfraquecer a resistência das comunidades, desmontar sua capacidade de organização e abrir caminho para a pilhagem das riquezas naturais, madeireiras, minerais e agrícolas.
Esse ataque não é isolado nem recente; é parte de um projeto histórico de extermínio e subjugação dos povos indígenas, que combina violência física, jurídica e econômica. Ao negar direitos básicos, busca-se quebrar a espinha dorsal da resistência, forçando a dependência, destruindo as formas próprias de produção. É a velha tática colonial atualizada: matar ou expulsar para transformar o território em mercadoria, entregando-o às mãos de grileiros, madeireiros, mineradoras e do agronegócio exportador, sustentados pelo capital estrangeiro e suas empresas multinacionais.
As falas apresentadas escancararam o descumprimento sistemático da Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Convenção 169 da OIT, e de qualquer compromisso mínimo com a dignidade humana. O que se vive nas aldeias é a aplicação concreta de um projeto genocida, planejado e executado pelo Velho Estado para desmontar a vida comunitária e entregar os territórios ao saque. A negação de água potável, transporte escolar, atendimento médico, energia elétrica e escolas adequadas; as estradas abandonadas que isolam comunidades durante as chuvas; a ausência total de infraestrutura para uma educação bilíngue e intercultural.
Mas a raiz dessa precarização não é um “acaso” administrativo: ela se relaciona diretamente à ofensiva dos madeireiros, grileiros e latifundiários sobre as terras indígenas. Ao negar serviços básicos, o Velho-Estado cria um cenário de vulnerabilidade que facilita o avanço da espoliação territorial, enfraquecendo a resistência e tentando romper os laços de comunidade. É uma estratégia de guerra contra os povos originários, parte da mesma lógica que concentra a terra, expulsa camponeses e destrói o meio ambiente em nome do lucro.
A luta pela terra e pelo território é, portanto, indissociável da luta pela educação e pela saúde. Onde há demarcação e defesa da terra, há mais condições de garantir escolas, postos de saúde, transporte e alimentação. Onde o latifúndio avança, cresce a violência, a fome, o abandono e a destruição cultural. Por isso, quando denunciamos a precarização das políticas públicas, denunciamos também a estrutura latifundiária e o capitalismo burocrático que sustentam essa realidade.
A realidade enfrentada pelas aldeias e denunciadas em Itaipava do Grajaú é expressão concreta de um projeto nacional de desmonte e saque. O mesmo teto de gastos ("novo arcabouço fiscal") que estrangulam a educação e a saúde nas cidades são os que fecham escolas nas aldeias, negam atendimento médico nos territórios e emperram as demarcações de terra. Trata-se da mesma engrenagem do latifúndio e do imperialismo que precariza universidades, destrói a pesquisa, mercantiliza direitos e transforma a vida do povo em mercadoria barata para enriquecer parasitas.
Por isso, reafirmamos: é urgente unificar as lutas do campo e da cidade: estudantes, trabalhadores, indígenas e camponeses, para enfrentar os ataques do Velho Estado, instrumento do capital estrangeiro, que sabota a vida das comunidades e impõe a miséria ao nosso povo. Nossa resposta deve ser a organização combativa, a ação coletiva e a resistência popular até que sejam garantidos terra, educação, saúde e dignidade para nosso povo!
Educação não é mercadoria!
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