COLETIVO ESTUDANTIL FILHOS DO POVO
MANIFESTO
Rebelar-se é justo!
I
Companheiros e companheiras, vivemos um momento de crise geral do imperialismo, que se aguça formidavelmente nas semicolônias como crise do capitalismo burocrático – crise que se expressa no político, econômico, moral e social do país. Este contexto instiga os democratas consequentes a tomar em suas mãos a posição de romper com o caminho burocrático que está presente hegemonicamente no movimento popular, em particular, na luta estudantil, e assumir o compromisso de servir ao povo. Tal compromisso se dá no caminho democrático da luta estudantil, que denuncia e combate o oportunismo e o sistema de exploração e opressão inseparavelmente.
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No momento em que as demais organizações, personalidades e partidos têm dirigido as lutas das massas à serviço da farsa eleitoral, iremos em outra direção, pois é de nossa completa compreensão o caráter de classe e a subordinação destas proposições.
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Entidades como UBES, UNE e consortes, provam-se, a cada dia, inimigas dos estudantes – convertem seus sonhos em ilusões com a velha ordem, traficam com as aspirações sociais da juventude transformando as suas justas lutas em apêndices da farsa eleitoral; e quando isso não é suficiente, atuam como filhotes da reação, capachos do Velho Estado, denunciando os ativistas combativos, os filhos do povo, em troca de bonanças, cumprindo seu papel de arrefecer a luta social. Podemos ver esse tipo de ação em todo e qualquer ato que a juventude combatente põe os pés. Em especial, podemos nos lembrar de como foram as entregas à polícia, pelas mãos do oportunismo, de ativistas e jovens combativos durante os levantes populares em 2013.
II
No regime militar fascista, iniciado em 1964, os estudantes maranhenses, com envergadura solene e coragem indiscutível, contribuíram para a causa do povo com lutas massivas e renhidas. Podemos destacar a greve da meia-passagem em 1979, que foi marcada por grandes Assembleias Estudantis e forte repressão da polícia fascista comandada pelo então governador, o arquirreacionário João Castelo. É estimado que somente no 17 de setembro deste ano tenham-se reunido cerca de 15 mil pessoas na Praça Deodoro em defesa das pautas levantadas pelos estudantes! O resultado foi uma vitória estudantil retumbante: em pouco menos de um mês garantiram seus direitos, dos quais nos beneficiamos até hoje (aos trancos e barrancos, pois esta garantia sempre é posta à discussão por setores do empresariado).
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Esta é apenas uma demonstração da audácia indiscutível da luta dos estudantes e setores da juventude no Maranhão, particularmente na capital São Luís. Nossa história é essa: dentre ocupações e enfrentamentos diretos com a polícia, a juventude estudantil pôs-se e põe-se de pé sem fraquejar!
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Nos últimos anos, especialmente após a vitória do Pecedobê em nosso estado, o quadro da luta estudantil em partes se reverteu – com sucessivos governos, somados à intervenção do oportunismo no movimento popular, prestando-se a adocicar e frear as mobilizações da juventude através da corporativização e da sujeira de jogar estudante contra estudante.
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Pudemos viver esse confronto na pele em 2019: no ato contra o “Future-se”, a juventude organizada e combativa conseguiu desviar a rota do ato com mais de 3000 pessoas para a frente do Palácio dos Leões, para que pudéssemos protestar contra o despejo fascista dos moradores do território Quilombola e tradicional do Cajueiro. Nesta ocasião, a mera menção dessa pauta justa nos foi negada pelos burocratas e capachos do estado no ato (UJS, UBES, UNE), alegando não ser aquele o “propósito da manifestação”, se colocando como se fossem donos da luta social e das demandas das massas.
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Mesmo assim, ainda existem lutas formidáveis se dispondo e muitas ainda que se imporão. Esse lamaçal não é o único caminho do movimento estudantil: há também o nosso caminho, o caminho democrático.
III
Vivemos crises intestinas dentro da sociedade, levantes massivos estão se gestando e surgirão inevitavelmente, em desenvolvimento desigual. As lutas espontâneas do povo brotarão em meio ao fogo da luta de classes e será necessário compromisso para assumi-las e dirigi-las. Tratam-se de grandes momentos históricos, e a situação nos certifica da necessidade de lutar pela ruptura com esse sistema de exploração e opressão, nos apoiando na justeza da rebelião e na defesa inconteste das massas em luta, pois estas sim fazem a história e são poderosíssimas.
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Tomamos de exemplo, especialmente, a atuação crucial dos companheiros da juventude combatente que, ao longo de todos esses anos, apreenderam de suas experiências e análises questões fundamentais para a luta estudantil combativa. Não obstante, nos apoiamos nas análises corretas do verdadeiro movimento estudantil acerca das Jornadas de Junho de 2013, como inspiração para a formação de um ativismo de juventude dedicado à revolução no Brasil.
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Por isso, concluímos:
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A nossa luta no movimento estudantil se pautará na compreensão do momento histórico que vivemos, do caldeirão de pólvora que se concentra nas escolas e universidades e como poderemos auxiliar no processo de atear este fogo. Partimos do pressuposto de que rebelar-se é justo e de que, nesse momento, devemos cumprir a tarefa de auxiliar, como tropa de choque, os levantes populares que inevitavelmente surgirão em meio à crise, nos organizando para a formação de novos ativistas, forjando-nos através da mobilização, organização e politização das massas. Concordamos, portanto, com a definição de que a juventude é “tropa de choque e reserva de vanguarda da revolução”, e de que devemos “servir ao povo de todo coração”, como a juventude revolucionária da China sintetizou;
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Entendemos que nossa organização se insere em um contexto de avançado desenvolvimento das condições objetivas e subjetivas para a revolução brasileira, e que devemos estar à serviço dessa luta. Não obstante, que nosso papel enquanto democratas consequentes é de criar condições que potencializem as forças políticas necessárias para contribuir no desenvolvimento da revolução;
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Nossa organização se pautará numa incansável batalha contra o oportunismo no seio do movimento estudantil; na aplicação da linha de massas a fim de sistematizar as ideias dispersas dos estudantes no intuito de instigá-los a compor as fileiras de luta; em efusiva defesa da luta pela terra, em suporte às organizações que lutam pela Revolução Agrária contra o latifúndio e o capitalismo burocrático, em especial, a Liga dos Camponeses Pobres.
Levantamos bem alto a consigna de que a rebelião se justifica e que as Universidades e escolas devem ser trincheiras de combate, espaços para avançar de maneira consequente a luta de classes no Brasil!
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Nesse caminho, não apenas nosso, em honra e glória a todos os revolucionários jovens filhos e filhas do povo que tombaram em luta, assim como aos que entregam intrepidamente suas vidas para o desabrochar da revolução em nosso país, surge e apresenta-se o Coletivo Estudantil Filhos do Povo (CEFP)!
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SERVIR AO POVO DE TODO CORAÇÃO, TROPA DE CHOQUE DA REVOLUÇÃO!
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5 PONTOS DE UNIDADE DO CEFP
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O CEFP se unifica nos seguintes pontos:
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Mobilizar as massas estudantis em defesa de suas reivindicações mais urgentes; sempre estimulando a independência e a combatividade como caminho para conquistas;
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Impulsionar com nossas forças toda iniciativa estudantil independente e honesta com a qual tivermos contato, entendendo o momento como propício para a auto-organização dos estudantes em torno de suas demandas;
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Defender a educação científica, popular e nacional; defender as conquistas e pautas históricas do movimento estudantil em nosso país; defender a educação pública e científica com unhas e dentes;
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Combater o oportunismo que domina o velho movimento estudantil, chafurdando a luta de classes no imobilismo e no carreirismo político com as táticas mais sujas;
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Propagandear a necessidade de uma revolução democrática, agrária e anti-imperialista em nosso país, que varra todo esse sistema de exploração e opressão a que nosso povo está submetido.